ARQUITETURA E HISTÓRIA A partir do Forte de Santiago, na Ponta do Calabouço, a evolução do conjunto arquitetônico do Museu acompanhou a trajetória urbana da cidade do Rio de Janeiro. À fortificação inicial veio se juntar a Casa do Trem, destinada à guarda do "trem de artilharia", conjunto de apetrechos bélicos usados na defesa da cidade, e, mais tarde, o Arsenal de Guerra. No início do século XX o Arsenal é transferido para a Ponta do Caju, abrindo o caminho para a adaptação do conjunto para suas novas funções: Pavilhão das Grandes Indústrias da " Exposição Internacional de 1922 ". Por determinação do Presidente Epitácio Pessoa, o Pavilhão abrigou, em duas de suas salas, o núcleo inicial do Museu Histórico Nacional. Com o encerramento da Exposição, o Museu veio ocupando progressivamente toda a área. PATROCINADORES Ministério da Cultura Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Caixa Econômica Federal Holcim (Brasil) S. A. Vitae -- Recuperar a arquitetura original, ampliar espaços destinados ao público, aprimorar os serviços oferecidos aos visitantes, democratizar o acesso dos mais diversos segmentos da sociedade e viabilizar uma circulação e um percurso adequados ao discurso museográfico: essas foram as diretrizes que nortearam o " Projeto de Restauração e Modernização do Museu Histórico Nacional 2003 - 2006 ", concluído em 19 de maio de 2006. A primeira fase das obras, totalmente financiada pelo Ministério da Cultura num total de R$ 1.980.000,00, foi inaugurada dia 9 de setembro de 2004, com a presença do Primeiro Ministro de Portugal, Pedro Santana Lopes, da Ministra da Cultura de Portugal, Maria João Bustorff Silva, e do Ministro de Estado da Cultura, Gilberto Passos Gil Moreira, já que nesta data foi aberta a exposição internacional « Artes Tradicionais de Portugal », promovida pela Fundação Gulbenkian. Iniciada em dezembro de 2003, a primeira fase das obras incluiu a recuperação de uma área de 1.500 metros quadrados que estavam completamente sem uso há mais de trinta anos e apresentavam um avançado processo de deteriorização. Nesse local, foram instalados os novos acessos ao circuito de exposições (escadas rolantes e elevador para portadores de necessidades especiais) e os espaços para atendimento ao público - guarda volumes, cafeteria, sanitários públicos e bilheteria - além de áreas para serviços internos. A partir da assinatura de contrato entre o Museu Histórico Nacional, a Associação dos Amigos do Museu Histórico Nacional e a Caixa Econômica Federal realizada no dia 26 de novembro de 2004, foram liberados recursos no valor de R$ 1.900.000,00 para o início da segunda fase das obras ainda em dezembro de 2005. Nesse etapa foi desmontada a laje construída em 1940, quando parte do conjunto arquitetônico era utilizada pelo Ministério da Agricultura, para abrigar um canteiro de experiências agrícolas e que gerava no pavimento térreo uma área de insalubridade que comprometia a integridade física do acervo sob a guarda do Museu. Essa obra foi fundamental para resgatar a arquitetura original de 1922, devolvendo ao público um belíssimo pátio interno interligado aos Pátios da Minerva e dos Canhões e um espaço nobre para exposições, além de permitir que parte da Reserva Técnica seja vista, sem prejudicar a segurança do acervo. Com uma área de 2.000 metros, o novo pátio recebeu o nome de Gustavo Barroso, numa homenagem ao fundador e primeiro diretor do Museu Histórico Nacional. Com o patrocínio da HOLCIM (Brasil) S. A. foram recuperados 1.000 metros quadrados de galerias voltadas para o Pátio Gustavo Barroso para a implantação da exposição permanente " Do Móvel Ao Automóvel: Transitando pela História ", reunindo a preciosa coleção de meios de transportes terrestres do Museu Histórico Nacional em sua totalidade, a partir de restauração viabilizada graças a Vitae - Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social. Com recursos do Ministério da Cultura foram concluidas as obras da terceira fase do « Projeto de Restauração e Modernização do Museu Histórico Nacional 2003 - 2006 " com o objetivo de ampliar o auditório, visando dobrar a capacidade de atendimento de cem para duzentos lugares e, possibilitando a um maior número de interessados o acesso aos cursos e seminários promovidos pelo Museu. Ainda com recursos do Ministério da Cultura, o Pátio dos Canhões foi reformado, contando com o apoio do Arsenal de Guerra do Rio e do Instituto Benjamin Constant para a confecção das novas legendas das peças expostas, inclusive em braille. Com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, essa etapa incluiu, ainda, a recuperação de três amplas galerias de exposição permanente situadas no segundo andar, além da realização de obras estruturais no terceiro andar, onde funciona a Administração. As galerias revitalizadas com os recursos do BNDES abrigam o multivídeo panorâmico " A Trajetória de um museu ", que apresenta o Museu Histórico Nacional ao visitante, e a exposição " Oreretama ", que abre pela primeira vez no Museu Histórico Nacional um espaço permanente dedicado ao índio brasileiro. " Oreretama » apresenta também uma ambientação representando uma gruta do sítio arqueológico da Serra da Capivara e os sambaquis do litoral, incluindo objetos retirados de sítios do Estado do Rio de Janeiro. Com o " Projeto de Restauração e Modernização do Museu Histórico Nacional 2003 - 2006 ", o Museu Histórico Nacional segue a tendência mundial dos grandes museus nacionais de se adequarem às necessidades impostas pelo aumento do fluxo de visitantes e à valorização das instituições culturais nesse novo milênio. A solenidade do término das obras do " Projeto de Restauração e Modernização do Museu Histórico Nacional 2003 - 2006 " foi realizada no dia 19 de maio de 2006, no âmbito das comemorações do Dia Internacional de Museus, com a presença do Ministro de Estado da Cultura, Gilberto Passos Gil Moreira. ARQUIVO HISTÓRICO O Museu Histórico Nacional oferece ao público Arquivo Histórico, com 50.000 documentos iconográficos e manuscritos sobre a história do Brasil, e Biblioteca com 57.000 obras versando sobre história, história da arte, museologia, heraldica, numismática, genealogia e moda. Oferece, ainda, o Centro de Referência Luso-Brasileiro, ligado ao Arquivo Histórico e criado em 1998, no âmbito das comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil. O Arquivo pode ser consultado de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h30m, mediante agendamento prévio através do telefone (0xx21) 2550-9268. O Museu mantém, ainda, Arquivo Institucional sobre a trajetória do próprio Museu Histórico Nacional, com documentos, fotografias, impressos, recortes de jornal, etc. As fotos utilizadas para ilustrar o item " ARQUITETURA E HISTÓRIA " integram este acervo. O Arquivo Institucional é aberto a consultas, mediante agendamento prévio através do telefone 21-25509265. Retrato do Imperador D. Pedro II Fotografia Francisco Pesce, 1888 O Arquivo Histórico reúne importantes documentos manuscritos e iconográficos referentes à nossa história e divididos em coleções, como a " Coleção Família Imperial ", compreendendo 1.445 documentos de diversas procedências, relacionados aos Imperadores D. Pedro I e D. Pedro II e respectivos familiares. São gravuras e álbuns de fotografias com retratos da realeza e nobreza da época, vistas de cidades brasileiras e estrangeiras e documentos pessoais, como os exercícios de caligrafia de D. Pedro II ; de correspondência entre membros da família imperial e outros, além de homenagens como poesias, sonetos, hinos ou músicas dedicados a membros da família. Ântonio Carlos Gomes Il Guarany Folha de rosto da Partitura O Arquivo Histórico preserva, ainda, importante coleção referente ao compositor brasileiro Ântonio Carlos Gomes, que inclui o primeiro volume da partitura original de um de seus primeiros trabalhos, a ópera " Joana de Flandres ". Formada a partir de diversas doações, a coleção reúne 216 documentos, entre desenhos de cenários, cartas, fotografias, partituras originais e libretos de algumas obras como " Condor ", " Morena " e " Colombo ", preciosos para uma melhor compreensão do trabalho de Carlos Gomes, cuja obra de maior sucesso, " O Guarani ", estreou no Teatro Scala de Milão em 1870, sendo encenada em diversos países. A Coleção Eusébio de Queirós engloba 350 documentos, sobretudo correspondências trocadas entre políticos e seus familiares, versando, principalmente, sobre a repressão ao tráfico negreiro e temas políticos e judiciais. Magistrado e político brasileiro, nascido em Angola em 1812, Eusébio de Queirós Coutinho Matoso da Câmara exerceu o cargo de Ministro da Justiça de 1848 a 1852, destacando-se como autor de duas importantes leis do Império: a lei 556, que criava o Código Comercial, e o decreto 708, que estabelecia medidas para a repressão ao tráfico de africanos. Missão Salesiana em Mato Grosso, 1908 Meninas bororos freqüentam a escola Documentação pessoal, álbuns de fotografias e documentos cartográficos compõem a " Coleção Miguel Calmon Du Pin e Almeida ", engenheiro e político brasileiro, que ocupou o cargo de Ministro de Viação e Obras Públicas no Governo Afonso Pena, entre 1906 e 1909 e de Ministro da Agricultura no mandato de Artur Bernardes, de 1922 a 1926. As fotografias documentam as principais obras que significaram a incorporação dos ideais de progresso e modernização pelo Brasil no começo do século XX, assim como as diversas áreas indígenas encontradas ao longo deste trabalho. Aquarelas de Sophia Jobim para Ilustrar suas aulas de indumentária A moda também faz parte do Arquivo Histórico. Quem pesquisa a indumentária civil e militar não pode deixar de consultar as coleções " Sophia Jobim Magno de Carvalho " e " Uniformes Militares ". Museóloga e desenhista, Sophia Jobim lecionava na Escola Nacional de Belas Artes a disciplina de Indumentária Histórica. Através de suas constantes viagens pelo mundo, colecionou um vasto acervo de trajes típicos, fundando, em 1960, o primeiro Museu de Indumentária Histórica e Antigüidades da América Latina em sua residência no bairro carioca de Santa Teresa. Toda a coleção Sophia Jobim é doada ao Museu após a sua morte. Os trajes típicos são preservados na Reserva Técnica, os livros na Biblioteca e os 1.124 documentos textuais e iconográficos, inclusive livros de receitas de pratos regionais e álbuns de fotografia de eventos relacionados à trajetória da titular da coleção, estão à disposição do pesquisador no Arquivo Histórico. Já a coleção de uniformes militares é composta por 836 documentos iconográficos, dos quais destacam-se 228 aquarelas de autoria de José Wasth Rodrigues ; álbuns de aquarelas, do século XVIII, de uniformes militares do período colonial e de desenhos copiados de modelos de uniformes existentes no Arquivo Histórico e Colonial de Lisboa. O valor documental destas obras reside na constituição dos traços da indumentária militar brasileira, do período colonial ao republicano, tornando-se fonte de consulta obrigatória com relação a este tema. Juan Gutierrez Documentou a Revolta da Armada (1893/94) Cerca de 10.200 fotografias, entre as quais os primeiros processos fotográficos, como daguerreótipos e ambrotipos, integram o acervo do Arquivo Histórico. São fotografias de Marc Ferrez e Augusto Malta, além de cartões postais de diversas épocas. Destaque para a " Coleção Juan Gutierrez ". Fotógrafo espanhol, Gutierrez atuou no Rio de Janeiro entre 1880 e 1890. Documentou a Revolta da Armada (1893/94), retratando as fortificações, os soldados e o armamento utilizado sem, contudo, apresentar cenas do embate. Suas lentes captaram, ainda, vistas de vários bairros da antiga cidade do Rio de Janeiro, reproduzindo sua arquitetura e seu cotidiano. Conheça toda a coleção de fotografias de Gutierrez em nossa Galeria Virtual. Desenhos, gravuras e aquarelas de importantes artistas como Rugendas, Debret, Norfini e Reis Carvalho, retratam cidades e paisagens brasileiras ao longo dos séculos XIX e XX, estando também preservados no Arquivo Histórico. Nair de Teffé Dita Rian (1886-1981) Caricatura Outra curiosa coleção pertencente ao acervo do Museu é formada por 26 caricaturas de Rian, entre as quais as dos Presidentes Juscelino Kubitsckek, Eurico Gaspar Dutra, João Café Filho e Humberto de Alencar Castelo Branco. Os traços irônicos de Rian fixaram, sobretudo, personalidades políticas e figuras da alta sociedade. Rian, na realidade Nair de Teffé, já era conhecida caricaturista ao casar-se, em 1913, com o então Presidente da República, Hermes da Fonseca. Com trabalhos publicados em revistas nacionais e estrangeiras, como o Semanário Fon-Fon, Le Rire e a Gazeta de Notícias, escandalizou muitas vezes o Palácio do Catete com suas atitudes excêntricas.