Uma alteração num único gene é capaz de transformar um vírus inofensivo no agente causador de uma gripe mortal. A descoberta, segundo pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), poderá levar à compreensão de como as epidemias da doença surgem e qual a melhor forma de combatê-las. A equipe liderada por Yoshihiro Kawaoka analisou amostras do H5N1, o vírus influenza que, em 1997, matou 6 das 18 pessoas infectadas, em Hong Kong. Essas amostras foram inoculadas em camundongos e, de acordo com os sintomas apresentados pelos animais, foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo causava uma forma de infecção letal, matando os camundongos, e o segundo provocava apenas problemas respiratórios como sintomas. Para descobrir a razão dessa diferença, Kawaoka usou uma estratégia de "engenheirar" os vírus, trocando genes entre as linhagens virais. Desse modo, conseguiu identificar qual deles era o responsável pela maior capacidade de infecção do influenza. "Uma mudança de apenas uma base [letra] no gene PB2 [que resultou na modificação de um aminoácido na proteína por ele codificada] parece ser a causa da virulência do influenza", explica. Os cientistas ainda não sabem exatamente qual o papel do PB2, mas ele parece codificar uma enzima responsável pela indução de um número maior de partículas virais nas células infectadas. O estudo do grupo de Kawaoka está na edição de hoje da revista científica " Science ".