C++ oferece diversos recursos para acessar arquivos, ou mais genericamente streams. O nome stream representa um fluxo de entrada ou de saída, e pode ser entendido de diversas formas. Por exemplo, cout é um fluxo de saída e cin é um fluxo de entrada, ambos associados com o terminal. Da mesma forma, pode-se usar fluxos de saida para strings, por exemplo, que permitem compor strings como se estivéssemos escrevendo na tela.
String stream é um recurso que permite escrevermos em uma string como se estivéssemos realizando saída na tela (ex: via cout). Dessa forma, é possível utilizar todas as funcionalidades da iostream (formatos, alinhamento, precisão numérica, tamanho de campo, etc) em uma string.
É útil, por exemplo, para retornarmos informações sobre um objeto sob forma de string, especialmente quando é preciso combinar dados numéricos com dados não-numéricos.
Para utilizar o recurso de string stream, é necessário primeiramente incluir o header sstream. A partir daí, deve-se declarar um objeto do tipo ostringstream (output string stream) e utilizá-lo como se fosse uma saída padrão, ou seja, da mesma forma que cout:
Finalmente, para se obter a string armazenada no objeto ostringstream usa-se o método str:
#include <iostream>
#include <iomanip>
#include <cmath>
#include <sstream>
using namespace std;
string converte(float valor)
{
ostringstream aux; // Declara o string stream de saída chamado aux
aux << "Exemplo de saída em string "; // Escreve em aux
aux << fixed << setprecision(2) << sqrt(valor); // idem
return aux.str(); // Retorna a string resultante a partir do stream aux
}
int main()
{
float v;
cout << "Digite o valor: ";
cin >> v;
cout << converte(v);
}
Note que se o objetivo for apenas concatenar (agrupar) duas ou mais strings, não é necessário usar string stream: basta empregar o operador de concatenação (+).
É muito comum a criação de um método denominado toString, que tem o papel de retornar uma representação do objeto armazendo como uma string. Por exemplo:
#include <iostream>
#include <sstream>
#include <string>
class Pessoa
{
private:
string nome;
string CPF;
int idade;
public:
Pessoa(string n, string cpf, int i) {
...
}
...
string toString();
...
};
...
string Pessoa::toString() {
// Cria um fluxo de saída em uma string
ostringstream aux;
// "Escreve" os dados no fluxo
aux << nome << " - " << CPF << " - " << idade;
// Retorna string contida no fluxo
return aux.str();
}
Porém, o mais usual é entender-se fluxos como arquivos físicos, como veremos a seguir.
Quando consideramos streams como arquivos físicos, a sua manipulação se resume em duas etapas:
Para exemplificar a gravação de dados, criaremos um programa que grava um conjunto de números sorteados em um arquivo texto.
O primeiro passo é incluir o header fstream, que contém as classes para manipulação de arquivos físicos (file streams). Repare que o programa-exemplo a seguir inclui mais headers, para que seja possível, por exemplo, sortear os números.
#include <fstream> // para usar file streams (ifstream,ofstream)
#include <iostream> // para usar cin,cout
#include <string> // para usar string
#include <iomanip> // para usar manipuladores (setw, right, ...)
#include <cstdlib> // para usar srand(), rand() e exit()
using namespace std;
A seguir, cria-se uma instância de ofstream, ou seja, arquivo de saída.
int main() {
// Cria output file stream (ofstream)
ofstream arqsaida;
O próximo passo é abrir o arquivo, usando o modo ios::out, que cria o arquivo e abre para escrita. Cuidado: se esse modo for usado em arquivos já existentes, eles serão apagados! O método is_open() retorna false se o arquivo não está aberto, então usamos para testar se foi possível realizar a operação.
// Cria e abre arquivo
arqsaida.open( "teste.txt" , ios::out );
// Se houver erro, sai do programa
if (!arqsaida.is_open())
return 0;
Neste ponto, chamamos a função srand, usando o resultado da função time como parâmetro: esta última retorna o tempo atual, e srand é utilizada para incializar o gerador de números aleatórios (o que chamamos de semente). Como se emprega o tempo atual do sistema, o gerador sempre será inicializado com uma semente diferente, garantindo números "mais" aleatórios.
// Gera a semente aleatória
srand(time(0));
Agora podemos começar a gravar os dados. O nosso arquivo teste.txt conterá um cabeçalho (uma linha com um texto qualquer), e uma sequência de 10000 números aleatórios (obtidos com rand). Repare que a forma de gravar é idêntica à maneira como escrevemos informações na tela via cout.
cout << "Gerando dados..." << endl;
// Grava o cabeçalho
arqsaida << "Cabecalho do arquivo" << endl;
// Agora grava os 10000 registros numéricos
for (int i = 0; i < 10000; i++) {
int num = rand() % 10000;
arqsaida << i << setw(10) << num << endl;
if(arqsaida.fail()) {
cout << "Erro fatal!" << endl;
exit(1); // Aborta programa
}
}
Veja também neste ponto que empregamos o que se denomina modificador de formato: setw(10), que tem a função de ajustar a largura do próximo dado a ser enviado. Nesse caso, ele serve para escrever cada valor com exatamente 10 caracteres, alinhados à direita (padrão para números inteiros). A cada dado gravado, também verificamos se não houve nenhum erro, através da chamada a fail(), que retorna true se ocorreu algum erro de entrada ou saída.
Finalmente, o último (e importante) passo é fechar o arquivo, de forma que os dados que ainda estiverem na memória sejam enviados para o meio físico. Se essa operação não for realizada, os últimos dados gravados no arquivo podem ser perdidos!
cout << "Fechando o arquivo..." << endl;
arqsaida.close();
return 0;
}
Analise com atenção o programa acima, tentando compreender todo o seu funcionamento. Compile e execute o programa, e verifique que este gerou corretamente o arquivo teste.txt no diretório corrente.
Como utilizaremos os mesmos headers do programa anterior, estes não serão novamente descritos aqui. O primeiro passo então é criar um objeto ifstream, que representa o arquivo sendo lido, e associá-lo ao arquivo físico com a chamada open.
Repare que o processo é similar à gravação, porém emprega-se o parâmetro ios::in para indicar leitura e não gravação.
...
int main() {
// Cria input file stream (ifstream)
ifstream arq;
cout << "Abrindo arquivo texto..." << endl;
// Abre arquivo
arq.open( "teste.txt" , ios::in );
// Se houver erro, sai do programa
if (!arq.is_open())
return (0);
A seguir, é preciso ler primeiramente o cabeçalho. Note que este deve ser lido com getline, uma vez que é uma string com espaços em branco:
// Lê cabeçalho
string cabecalho;
getline(arq,cabecalho);
// Exibe cabeçalho na tela
cout << cabecalho << endl;
Uma vez lido o cabeçalho, sabe-se que os próximos registros são compostos de dois números: um contador e o valor armazenado. Basta então fazer uma repetição, que terminará quando não houver mais dados no arquivo. O método good retorna false quando algo diferente acontecer, por exemplo, um erro ou o próprio final do arquivo. Repare que também só exibimos o dado lido na tela, se fail retornar false.
// Agora, lê n registros numéricos
do
{
int num, valor;
arq >> num >> valor;
if(!arq.fail()) {
cout << num << "\t" << valor << endl;
}
} while(arq.good());
Neste ponto, o laço pode ter terminado por dois motivos: ou houve um erro, ou o arquivo terminou. No primeiro caso, o método bad retorna true, e no segundo caso, o método eof retorna true. Então, uma situação de erro é quando bad retornou true, ou eof retornou false:
if(arq.bad() || !arq.eof()) {
cout << "Erro fatal!" << endl;
exit(1); // Aborta programa
}
Por fim, fechamos novamente o arquivo e encerramos o programa.
cout << "Fechando o arquivo..." << endl;
arq.close();
return 0;
}
Compile o programa acima, e verifique que ele é capaz de ler o arquivo-texto gerado pelo programa anterior. Dica: como há 10000 registros, você pode empregar alguns comandos do Linux para facilitar a depuração: por exemplo, redirecionando a saída do programa para o comando more permite que você visualize uma tela de cada vez.
./read | more
Outra dica é redirecionar para os comandos head e tail: o primeiro mostra as n primeiras linhas da saída, e o último mostra as n últimas linhas da saída (o valor de n é configurável com um parâmetro).
./read | head
./read | tail
Há muito mais detalhes do que foi apresentado nesta visão simplificada. Você pode encontrar uma descrição completa
dos métodos de E/S em C++ no Guia de Referência, disponível aqui.
Sugestões:
Implemente um sistema para contabilização de votos:
Zip com arquivos de dados para o exercício
O formato dos arquivos (por linha) é o seguinte:
1 Roubalino PDR 2 Estelionatino PDR 3 Robaldo PD
5 10 7 3 6 ...
Dicas: leia números e strings com >>. Não é necessário usar getline, pois não há strings com mais de uma palavra. Defina uma classe para representar um candidato. Crie um vetor de candidatos para contabilizar os votos.